terça-feira, 9 de março de 2010

O ritmo e a aprendizagem...

Encontrando nosso ritmo...

Todos nós já passamos por momentos onde não temos vontade de fazer nada, ou tentamos e não conseguimos. Às vezes, quando é algo imprescindível de fazer, até tiramos um pouco da nossa força de vontade da reserva e conseguimos realizar a tal tarefa indesejável. Outras vezes nenhuma pressão externa resolve. Seria o motivo preguiça, moleza, incompetência, falta de disciplina ou qualquer dessas coisas que pressupõe nossa “culpa”?

Nem sempre. É claro, existem milhares de motivos para nos impedir de fazer algo. Alguns destes entram na famosa categoria de auto-sabotagem. Outras na de cansaço ou outros problemas físicos. Sim, é verdade, às vezes somos indisciplinados (etc., etc.) ou não queremos mesmo realizar a tal tarefa e não temos coragem de admitir. Porém, o que frequentemente não levamos em conta é o respeito (ou melhor, desrespeito) ao nosso ritmo pessoal.

A pedagogia Waldorf (ou pedagogia antroposófica), método que considera o ser humano na sua inteireza, tem muito a dizer sobre a importância do ritmo nas nossas vidas:

Todo processo vivo de aprendizagem deverá necessariamente respeitar e fomentar um ritmo adequado. A Pedagogia Waldorf considera fundamental a alternância sadia e equilibrada entre concentração e expansão, entre atividade intelectual e prática, entre esforço e descanso. Assim se planeja o mais cuidadosamente possível, a partir desse ponto de vista, tanto a prática educativa anual, mensal, semanal e diária, como também cada uma das horas de aula, a fim de conseguir o ritmo adequado às fases de compreensão, assimilação e produção da aprendizagem.
(...)
Esse ritmo é constituído basicamente de atividades concentrativas e atividades expansivas que sucedem em constante dinâmica, acompanhando o ciclo da natureza em seu ritmo de inspiração e expiração, dia e noite, vida e morte, verão e inverno, etc. Através dessas atividades harmonizaremos as vivências de polaridades tais como: dormir e acordar, claro e escuro, dentro e fora, contração e expansão.

Apesar de ser direcionado às crianças (o texto citado refere-se a crianças em idade de jardim), podemos aprender muito com essa perspectiva, inclusive no quesito alimentação. É comum passarmos pelo dia sem sequer parar para respirar ou observar o mundo a nossa volta. Isso acaba refletindo no que a gente come; as refeições, ao invés de serem atividades introspectivas e prazerosas, passam atropelados e estressantes. Não há tempo para prestar atenção no nosso corpo, nas suas reações e no que ele precisaria receber naquele momento para realmente se nutrir. O estresse gerado por estarmos remando contra nossa própria maré acaba afetando o que escolhemos ingerir e provocando doenças, como exemplifica o texto abaixo:

No passado, quando a medicina era uma arte e não um instrumento para o comércio de drogas, as pessoas sabiam, instintivamente, da importância de respeitar os ritmos e ciclos da natureza, a fim de que nossos próprios ritmos biológicos se mantenham em sincronia. Ninguém duvidava que a saúde, a felicidade e a longevidade dependiam dessa sincronia.

Atualmente, se nós temos sono e não conseguimos dormir, nós não pensamos em apagar a luz, mas sim em tomar um remédio. Se temos sede, não lembramos de tomar água, mas sim refrigerantes e outras bebidas artificiais. Se nos faltam nutrientes, não lembramos de melhorar nossa alimentação, mas sim de tomar um comprimido de ‘vitamina’. Nossa cultura tem sido fortemente moldada por interesses econômicos e pelo marketing da indústria de consumo.

Mas essas influências e interesses atuais não podem mudar algo programado tão perfeitamente e tão profundamente na nossa biologia, ao longo de milhões de anos.

Por outro lado, viver plenamente dentro dos ciclos da natureza e, consequentemente, dos nossos corpos, ajuda a tornar nossas vidas mais suaves ao invés de uma “luta diária”: comer as frutas da época; reverenciar a transição dormir-acordar, deitar-sonhar; observar as estações do ano e respeitar nossa postura natural em relação a cada uma delas, como a introspeção do inverno, a expansão da primavera, a abundância do verão, a preparação do outono; e assim por diante.

As mulheres têm uma propensão maior a perceber seu ritmo natural. Muitas de nós sabemos que em determinada época do mês estamos mais depressivas ou até mais “chatas” (a famosa TPM), enquanto em outras temos mais energia para realizar vários projetos. Porém, com ou sem sofrer de TPM, qualquer pessoa pode se beneficiar observando seu ritmo pessoal e alinhando suas atividades com os outros ritmos que nos governam, como as estações do ano, os ciclos lunares, os ritmos diários e, é claro, nossos ritmos próprios biológicos.

Comece analisando sua rotina semanal. Você passa o dia inteiro “correndo”? Há suficientes momentos de pausa? Há momentos de observação e/ou contato com a natureza? Os momentos de extroversão e interação com outras pessoas se equilibram entre momentos de introspeção e solitude? Existem determinados horários que sua energia é maior ou menor? É possível adequar seu horário de trabalho e seus afazeres de forma a não ir de encontro com seu ritmo pessoal?

Anote suas observações e tente fazer um “roteiro” para lhe guiar. Atenção! Isso não é a criação de uma rotina nem algum tipo de cronograma fechado de atividades. O propósito é se harmonizar com o restante da natureza, conhecer seu próprio ritmo e tentar integrar tudo isso na sua vida diária. Por exemplo, você pode descobrir que a parte da manhã é seu período menos produtivo e deixar esse horário para realizar tarefas que requeiram menos energia. Ou, no caso de mulheres que sofrem de TPM, tentar adiantar as tarefas mais difíceis ou cansativas para antes deste período; assim, durante a TPM é possível ficar mais livre para fazer coisas que tragam prazer e ajudem a aliviar os sintomas. Depois de um tempo, percebemos como é natural viver desta forma e nem precisamos mais do tal roteiro.

Quem tem filhos pequenos poderá constatar como o dia-a-dia flui melhor seguindo o ritmo infantil natural. A regularidade faz com que as crianças se sintam mais seguras e confiantes no mundo que as cerca, o que também estimula a auto-estima e a auto-confiança. Os resultados são realmente fantásticos.

Os resultados na alimentação também são visíveis. Com menos estresse comemos melhor, com mais calma e sem excessos. Sentimos o que nosso corpo precisa com mais clareza. De fato, a própria transição para o crudismo nos deixa mais abertos a perceber nosso ritmos biológicos e a sentir o que nosso corpo verdadeiramente quer ou rejeita. Passamos a saber quando estaremos mais vulneráveis a comer de forma mais saudável e nos preparar, antecipadamente, para que não aconteça. Serve também para desconfiarmos das frutas disponíveis fora de época, por exemplo, muitas vezes estimuladas pelo uso de hormônios e de outras formas que podem impactar nossa saúde de forma ainda desconhecida.

E vocês, costumam observar seus próprios ritmos e/ou os ritmos da natureza? Como a mudança de alimentação mudou suas vidas neste sentido?

Para refletir:

Com alguns poderes místicos do super-homem, sem informação dos ponteiros do relógio, o nosso corpo e os corpos dos outros animais e das plantas marcam o compasso com o ambiente. Não se trata de truques mágicos nem de efeitos especiais ou habilidades do gesto ou da mente, mas o poder que governa toda a vida sobre a Terra.
Se o tempo for realmente o ditador planetário e os ritmos as manifestações da sua supremacia, então conhecê-los torna-se essencial para a compreensão do modo como funciona toda a vida.
Os ritmos são a chave do conhecimento próprio e do meio ambiente, pois colocam a vida numa perpectiva de tempo.
Retirado do blog Apressado NÃO come cru

Um comentário:

  1. Olá

    Precisava ter menos cópias, mas está indo bem. Precisa de mais autores e postar as referencias

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